Los Angeles, 1962. Um cientista genial mas paranóico com relação à Guerra Fria acreditava que os mísseis em Cuba eram o aviso de que uma guerra contra a União Soviética era eminente e assim constrói um abrigo subterrâneo super sofisticado. Um belo dia leva sua esposa para mostrar o abrigo e quando estão lá um avião de caça cai em cima da casa, o que faz com que o cientista acredite que seja o início de uma guerra nuclear e que tudo está destruído acima do abrigo. Ele então aciona uma trava que só abrirá trinta e cinco anos depois, que é o tempo que a radiação demora para se dissipar. No abrigo nasce Adam (personagem daquele bonitão Brendan Fraser). Durante 35 anos, Adam foi criado sob os padrões dos anos 60. Mas em 1998, Adam é mandado à superfície para conseguir mantimentos que estavam chegando ao fim dos estoques e, quem sabe, encontrar uma esposa que não fosse "mutante". Mas Adam encontra um mundo bem diferente do que esperava, moderno, com supermercados, livrarias e shoppings e gradativamente vai se adaptando a esta nova realidade. E o happy end todos já sabem ele encontra uma garota (hein?) se apaixona, etc, etc.... Lembram desse filme?
Quando começou a história do corona vírus e em vista das medidas rigorosas que foram e ainda estão sendo adotadas esse filme me veio a cabeça. Fiquei imaginando todos nós confinados durante uma eternidade e de repente saindo do casulo e descobrindo o quanto retrocedemos e o quanto ficamos despreparados para a nova realidade.
Estamos vivendo momentos incertos. Nossa, lá vem o jargão da hora, todos estamos carecas de saber. Nem eu mesma aguento mais falar e pensar nisso. Mas se pensarmos bem fomos avisados que esse momento chegaria e não prestamos atenção. A natureza nos avisou em eventos passados que as coisas ficariam piores e não acreditamos, não nos demos conta. E não nos adaptamos para as mudanças do século XXI. Parece que ficamos no mesmo abrigo do Adam!
A COVID está nos obrigando a nos reinventarmos. Tudo que protelamos está sendo necessário fazer agora. Na verdade gostamos da inércia, da zona de conforto, “time que está ganhando não se mexe”.... A COVID está sendo um excelente educador. O mundo previsível não existe mais, hoje tudo é instável e mutante. Se a gente quer mudar alguma coisa temos que começar pela educação. E estamos sendo convidados a aprender em uma velocidade supersônica.
Poucos professores e instituições estavam preparados para as mudanças que a pandemia está causando. Felizmente antes mesmo da pandemia, a educação já vinha passando por uma série de transformações impulsionadas pela tecnologia. Vejam só:
O acesso à internet começa a se democratizar e a ajudar nas pesquisas escolares;
Conteúdos em vídeo (filmes, documentários) começam a ser usados em salas de aula;
O acesso à informação avança e começam a ser utilizados portais de notícias para trabalhos escolares;
O YouTube passa a ter conteúdos profundos e com viés educacional, produzidos muitas vezes pelas próprias instituições de ensino;
O smartphone começa a trazer a pesquisa pela internet para a palma da mão dos alunos.
Em tempos de quarentena, a era das lives e da educação online e a distância estão mostrando que instituições e profissionais precisam se atualizar para acompanhar todas essas mudanças.
A crise nos mostrou que o antigo modelo de ensino, criado no século XVIII – século das luzes, está mais do que ultrapassado. O sistema binário certo-errado, branco-preto, bonito-feio, capaz-incapaz, já não existe. Habilidades cognitivas clássicas, racionais, como português, matemática, história, geografia, física, química precisam continuar a ser implementadas mas não são tudo. Habilidades socio emocionais tomaram importância muito maior. Precisamos aprender a desenvolver a versatilidade, a resiliência, a tolerância, a empatia, a comunicação, a criatividade, a flexibilidade, a persistência, o respeito, a ter foco. Essas habilidades não constam do currículo escolar atual e precisam ser estimuladas.
Em resumo, se antes da pandemia havia alunos e professores, hoje, somos todos alunos...
Mantenha seus valores, honre seus acordos, mas mude seus pensamentos, isso é evolução. Não há nenhum problema na discordância ou na inconformidade, principalmente para criar um futuro melhor. O mundo dará mais chances para quem se arriscar e para quem for ágil.