A última (e única) visita que fiz a Alemanha foi em 1988. Levava um grupo de estudantes adolescentes que havia passado 4 semanas na Inglaterra em um programa de férias e optado por um tour pós curso pela Holanda, Alemanha e França. Tudo muito rápido, uma semana. Na Alemanha conhecemos apenas Bonn e Colonia. O país ainda estava dividido entre o domínio soviético e o ocidente.
Eu sabia muito pouco sobre a Alemanha. Lembrava-me quando ainda criança eu lia as reportagens das Revistas O Cruzeiro e Manchete e chocava-me com as fotos de berlinenses tentado escalar o muro que dividia Berlin, atiravam-se de prédios e ou caiam em teias de arame farpado ou eram fuziladas. O horror de um regime totalitário remetia-me a 1964 no Brasil, quando tentaram implantar o comunismo em nosso país, felizmente sem sucesso. Por isso não me interessava tanto pela Alemanha, não tinha simpatia pelo país. Não pesquisava com a mesma curiosidade como gostava de aprender sobre a França, a Inglaterra, a italia, os EUA, o Canada. Sabia que em 1936, o negro americano Jesse Owens, para desespero e humilhação de Hitler, ganhara 3 medalhas de Ouro nas Olimpíadas de Berlim (seria uma dor semelhante ao nosso 7x1?), acompanhei pelo noticiário o massacre nas Olimpíadas de Munique e adorava Beethoven. Só!
Era fevereiro e surpreendeu-me a energia do povo alemão celebrando o carnaval. Não era feriado, as lojas estavam abertas, o comércio funcionava normalmente durante os 3 dias e as pessoas vestiam fantasias super coloridas por cima de malhas grossas pois fazia muito frio. E pasmem, todos bebendo chopp: nas ruas, nas lojas, nos restaurantes. Uma Oktoberfest carnavalesca! Quanta alegria, não era o que eu imaginava!
Um ano depois chorei em frente a televisão assistindo ao Pedro Bial narrar a emoção da queda do muro, a Alemanha iniciando um processo de reunificação deixando para trás 3 décadas de horrores. Um fato histórico que fiz questão de mostrar aos meus filhos e fazê-los entender que eram testemunhas de um dos momentos mais significativos da história da humanidade. Nos dias e semanas que se seguiram um ambiente de festa tomou conta de Berlin quando seus habitantes separados por tanto tempo puderam misturar-se em meio a uma enorme onda de alegria.
Hoje a Alemanha é outra e desperta o interesse de milhares de estudantes de todo o mundo, incluindo brasileiros, interessados em cursar um período de high school, ou fazer um programa de férias no verão, ou aprender o idioma e até mesmo um curso universitário.
E é para lá que estou arrumando as malas, para visitar universidades e participar de um Workshop internacional, fazer contatos com novas instituições de ensino e trazer novidades para estudantes de todas as idades. E aproveitar para conhecer uma nova Alemanha. Uma semana apenas. Munique e Berlin me aguardem!